28/01/2019

Curiosidades: Chernobyl


Você provavelmente já ouviu falar de Chernobyl, e talvez saiba que, ainda nos dias atuais, o lugar é vetado para moradia, ou seja, ninguém pode morar lá, e visitar têm um limite de tempo. Mas você sabe por que isso acontece?


Ucrânia, 1986. Na época, ainda não era a Ucrânia que a gente conhece, mas sim parte da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Após a Segunda Guerra Mundial, URSS e EUA começaram uma corrida contra o tempo para ter o controle do mundo fosse nos esportes ou outra área, como as indústrias. Porém, para se ter uma indústria altamente produtiva, é necessário uma grande quantidade de energia. Foi assim que surgiram as usinas nucleares.
Até mesmo o Brasil entrou nessa, com a usina Angra I, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Claro, nem todo mundo aprovou a ideia. Usinas nucleares possuem material radioativo, então qualquer acidente poderia ser catastrófico. Tudo piorou em 1970, na Pensilvânia, quando o reator 2 da usina Three Mile Island derreteu, e os locais ao redor da cidade precisaram ser evacuados. Durante anos, esse foi o acidente nuclear mais grave da história.


A URSS iniciou a construção de uma usina nuclear, no lugar que hoje é conhecido como Ucrânia. A construção começou em 1972, na cidade de Chernobyl. Na mesma época, foi construída a cidade de Pripyat, para servir de residência aos funcionários que trabalhavam na construção da usina.

O primeiro reator de Chernobyl foi inaugurado em 1977. Até 1983, outros três reatores foram construídos. Juntos, eles geravam 10% de toda a energia do país. Havia um projeto para a criação de outros dois reatores.


Mas tudo mudou em 26 de abril de 1986. O quarto reator iria passar por uma manutenção, então resolveram fazer alguns testes nele, para ver se os outros reatores continuavam funcionando. Para isso, o reator precisava operar com 25% de sua capacidade, e com o sistema de segurança desligado.


Os caras fizeram tudo certo, mas a potência do reator caiu para menos de 1%. Quando reprogramaram a potência, ela subiu muito mais do que deveria e, sem sistema de segurança, não havia nada para resfriar o núcleo, e o reator atingiu a surpreendente temperatura de 2000ºC. A explosão foi inevitável, e foi tão forte que arrancou o teto do reator, que pesava  mil toneladas.



Logo após a explosão, o governo construiu uma espécie de cápsula ao redor do reator 4. A cápsula ficou conhecida como Sarcófago. O Sarcófago era feito de concreto e aço. Lá dentro tem 200 toneladas de cúrio (material radioativo), 30 toneladas de terra e pó contaminados e 16 toneladas de urânio e plutônio. Basicamente o Inferno na Terra. Infelizmente, por mais rápido que tenha sido sua construção, o Sarcófago só ficou pronto em dezembro, oito meses depois. A perda de vidas foi inimaginável.

Infelizmente, o Sarcófago foi construído às pressas, e logo precisaria ser substituído. Em 2016, um novo Sarcófago foi construído, longe da usina, e levado até lá através de um sistema de trilhos.


O acidente liberou iodo-131 e césio-137, os mesmo da explosão nuclear que aconteceu em Goiânia, em 1987. Há vários tipos de radiações, e há um limite que nosso corpo aguenta, sem sofrer consequências. Se forem doses muito altas, você sentirá dores insuportáveis, falência dos órgãos, queda de cabelo, queimaduras pela pele, etc. A de Chernobyl é a ionizante.


A radiação ionizante é medida em sieverts. Algumas coisas ao nosso redor emitem esse tipo de radiação, em quantidades mínimas, como o solo.

Se exposto a 750 mil microsieverts, ocorre perda de cabelo. 1 milhão de microsieverts, hemorragia interna (esses dados são baseados em 1 hora de exposição à radiação). Os primeiros bombeiros que chegaram ao local foram expostos a 100 mil microsieverts POR SEGUNDO.

O reator ficou queimando durante duas semanas e, como ninguém podia se aproximar, cerca de 200 helicópteros sobrevoaram o local, jogando areia para conter a radiação. Enquanto isso, a radiação continuava subindo pela atmosfera. Para se ter uma ideia do seu poder destrutivo, ela foi 400 vezes mais radioativa que as bombas de Hiroshima e Nagasaki.

Quando o governo avisou Pripyat sobre a explosão, já era tarde demais, e os moradores tiveram apenas 40 minutos para pegar tudo e deixar a cidade.

Como a mídia era fechada e controlada, o mundo não ficou ciente da explosão. Mas ninguém podia conter a radiação, que acabou indo para outros países.



Para se ter uma ideia, dois dias depois do acidente disparou um alarme de radiação na Suécia, que fica há mais de 1000km de Chernobyl. Na Suécia, não havia problema algum, então eles consultaram os soviéticos, que mentiram NA CARA DE PAU, dizendo que ali também estava tudo bem.

Claro, os suecos não deixaram barato, e começaram a preparar um relatório para a mídia internacional. Sem ter para onde fugir, os soviéticos resolveram se pronunciar sobre o ocorrido. Porém, a notícia não durou mais do que 20 segundos, e foi basicamente teve um acidente na usina de Chernobyl, mas já está tudo sob controle.

Entretanto, o mundo já sabia o que estava acontecendo.


Mesmo sendo um acidente, todos queriam saber o que, de fato, havia acontecido. Foi então que surgiram duas teorias:
1ª: um problema mecânico. As hastes que deviam diminuir a potência estavam fazendo exatamente o contrário;
2ª: falha humana. Os operadores teriam ignorado vários procedimentos padrões.

Hoje, anos depois, sabemos que ambas as teorias estavam corretas.



E tem muito mais. A União Soviética gastou horrores para conter a radiação. Mesmo assim, boa parte do solo usado para agricultura ficou inutilizado, ou seja, o prejuízo estava longe de acabar. O país terminou de se desestabilizar e, em 1991, mesmo ano da segunda explosão de Chernobyl, a  URSS chegou ao fim. Mas isso não acabou com a radiação. Até hoje, ainda existe a Zona de Exclusão de Chernobyl, uma área totalmente isolada ao redor da usina.


Mesmo com tudo isso, a usina continuou firme e forte. Com a independência da Ucrânia, o país anunciou que fecharia a usina em 1993. Mas não foi bem isso que aconteceu. O fechamento da usina precisou ser adiado, já que 5% de toda a energia do país ainda provinha de Chernobyl. Mas o dinheiro foi acabando, e eles não tiveram mais como pagar os funcionários. A usina deveria ter sido fechada em 1993, mas só fechou em 2000.

Pripyat, por sua vez, tornou-se uma cidade fantasma. Hoje o lugar pode até ser cercado por árvores, mas já foi tudo pavimentado ali. Em visitas supervisionadas, os visitantes não têm autorização para tocar em nada. A cidade não poderá ser habitada por séculos. Isso do lado de fora. O interior da usina estará contaminado pelos próximos vinte mil anos!

Anos depois do acidente, cientistas enviaram um robô equipado com câmeras, e encontraram várias espécies desconhecidas de fungos, que se alimentam de radiação. Mas pior do que toda essa radiação é o Pé de Elefante, uma espécie de lava radioativa, que contém varios elementos, incluindo urânio, e tornou-se o objeto mais perigoso do mundo, matando qualquer um que se aproxime.


De uns tempos pra cá, Chernobyl virou uma espécie de atração popular que todo mundo quer conhecer, mesmo sabendo que é loucura. Em 2012, saiu um filme chamado Chernobyl: Sinta a Radiação (Chernobyl Diaries). Confira o trailer:


O canal de terror AmbuPlay lançou uma creeppypasta chamada Diário de Chernobyl. Confira:



O que acharam do post? Vocês estão gostando dos posts de curiosidades? Preciso da opinião de vocês pra continuar (ou não) a produzir conteúdo desse tipo.


4 comentários:

  1. Nem fazendo muito esforço consigo imaginar o quão poderosa era... 100 mil microsieverts por segundo!
    Ps: os soviéticos dizendo que tá tudo bem claramente se inspiraram na moça bailarina que cai no programa, bate a testa, tem um galo enorme e sai dizendo que não doeu hahaha

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    1. Era mais poderoso do que qualquer coisa que possamos imaginar.
      Talvez a Genki Dama ganhasse.

      Os soviéticos não tinham um pingo de vergonha na cara kk

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  2. Ameei!!! Sinto muita vontade de visitar a cidade, mas ao mesmo tempo muito medo. hahaha
    Assisti esse filme. Eles pegam bem pesado na produção.
    E mano, 100 mil microsieverts O: Acho que eles chegaram e já morreram, né? Sei lá. Explodiram?! haha Nossa! Não consigo nem imaginar e fiquei aflita só de tentar.
    Ótima postagem, como sempre!!

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    1. Ah, se tivesse a oportunidade, eu iria também, mesmo me cagando de medo kk
      Sim, foi praticamente isso.
      Muito obrigado!

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