07/05/2018

[Resenha] O Sol na Cabeça


Ficha Técnica:

O Sol na Cabeça
Autor: Geovani Martins
Ano de Lançamento: 2018
Nº de páginas: 120


Confesso, O Sol na Cabeça nunca foi nem cogitado para minha wishlist. Mas a literatura tem dessas, não é mesmo? Sempre aparece um livro que te surpreende. E Geovani Martins fez isso com calma, sutilmente, mas sem dó nem piedade.

O Sol na Cabeça é um livro de contos, que narra a vida de jovens cariocas, mostrando-nos a realidade de quem vive nas favelas. O medo é real, pois você nunca sabe quando vai sair de casa e não voltará para ela no fim do dia. Os contos, curtinhos, porém precisos, são regados por punição. Os protagonistas de cada história sabem que, se derem um único passo em falso, o preço será sua vida. Além disso, as histórias são banhadas por drogas, principalmente a maconha. Vemos aqui como cada vez mais os jovens têm acesso à ela. Como já dizia Gabriel, o Pensador: se você quer comprar, é mais fácil que pão.

O Sol na Cabeça é o primeiro livro de Geovani, mas o autor já mostra que sabe como usar as palavras para entreter o leitor. Os contos são curtos, porém objetivos. Nos mostram uma merda (do verbo "fazer algo ruim") que o personagem vai fazer, ou nos mostram a merda já feita. Não se preocupe com a linguagem baixa, tem de monte no livro. Não, isso não é um problema. Afinal, o autor queria nos mostrar a realidade daqueles jovens. O livro é recheado de gírias, e a escrita fácil do autor só facilita para que a leitura fique mais fluída.



O livro é único e, se você quer conhecer um pouquinho mais sobre nosso país, recomendo-o com todas as minhas forças. O autor, que nasceu em Bangu, soube exatamente como transportar sua própria experiência de vida para as páginas. O perigo, as armas, os traficantes, a violência a cada esquina, mas também as coisas prazerosas da vida, como um banho de mar numa praia carioca, a adrenalina de estar fazendo algo perigoso e as amizades. Chico Buarque disse ter ficado chapado com o livro. Pensei que era apenas por causa da maconha, mas agora entendo o que ele quis dizer. O autor consegue mudar de um texto cheio de gírias para algo mais "certinho" com a maior facilidade do mundo. Para um livro de estreia, Geovani Martins fez o dever de casa, e merece todos os méritos.

Nota: 




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