29/11/2015

[Creepypastas] O Quadro



Isso já aconteceu há tanto tempo que eu já nem me lembrava, até noite passada, onde saí para jantar com uma garota que eu havia conhecido há algumas semanas. Estávamos conversando sobre coisas que fizemos ou que aconteceram conosco durante nossa adolescência. Conversa vai, conversa vem, eu me lembrei do incidente da janela. Na hora, eu gelei. Natalia notou, e perguntou o que estava acontecendo. Tentei desviar-me do assunto, mas ela insistiu que eu lhe contasse qual era o problema. Então eu comecei.

Eu tinha catorze, talvez quinze anos. Meus pais haviam acabado de se divorciarem, e optei por morar com meu pai, pois tínhamos um vínculo muito grande. Mamãe passava o dia todo trabalhando ou saindo com suas amigas. Dificilmente ela e papai saíam. Era como se ela o evitasse, e o pior era que ela agia como se eu nem estivesse lá.

Nos mudamos para um apartamento do outro lado da cidade. O local era pequeno, mas era o que papai podia pagar. Mesmo sendo pequeno, o local era aconchegante. Organizei as coisas no quarto que escolhi para mim e logo fui ajudar papai a terminar de arrumar as outras coisas. No fim, meu quarto já estava como antes, com uma TV e meu videogame próximos à minha cama. Meus pôsters também estavam colados na parede.

Deitei-me mais cedo na minha primeira noite ali, pois estava cansado e precisava dormir um pouco. Porém, demorei mais tempo do que pensei que levaria para dormir. Havia um quadro estranho na parede, o qual eu não havia reparado antes. Se bem me lembro, era um garoto, com uma feição estranha, como se estivesse, mesmo que indiretamente, me encarando, assim como a Mona Lisa. Se eu me lembrasse, tiraria ele dali na manhã seguinte.

Levantei-me na manhã seguinte e fui para a escola. Ah, eu havia me esquecido, e peço desculpas por isso. O novo apartamento era MUITO mais perto da escola, em relação à outra casa. Ponto para o papai, por ter escolhido ele.

Os dias se passaram e, quando percebi, já fazia uma semana que estávamos morando ali. O que me intrigava era que, noite após noite. eu notava aquele quadro ali e, no dia seguinte, eu simplesmente me esquecia dele, como se não o tivesse visto na noite passada. Não importava se eu prometia para mim mesmo que tiraria o quadro dali na manhã seguinte, eu me esquecia completamente dele. Todas as noites, quando eu me deitava e notava ele ali, o quarto ficava com uma aura estranha, e o ar ficava mais gelado do que o normal, como se eu estivesse dormindo num lugar  com ar-condicionado.

Mais um dia se passou, e aquele quadro do menino continuava ali, como se estivesse esperando que eu fizesse algo. Eu já não aguentava mais aquela agonia. Eu precisava tirá-lo dali. Não conseguiria dormir nem mais uma noite sequer com aquele menino me observando. Tentei levantar-me da cama, mas não consegui. Acho que não tive força o bastante, mas podia jurar que algo estava me segurando ali. Então, fiz a única coisa que me passou pela cabeça naquele momento. Peguei um pedaço de papel que havia no criado-mudo e escrevi um bilhete para mim mesmo, para me lembrar de tirar o quadro na manhã seguinte, assim que eu acordasse.

Acordei na manhã seguinte, e logo que abri os olhos, notei o bilhete sobre o criado-mudo. Levantei-me da cama e caminhei até a parede. Foi exatamente nesse instante que meu coração parou por alguns segundos. Eu fiquei parado, sem saber o que fazer. Foi, de longe, o maior momento de angústia e aflição que passei na vida. E, com certeza, o mais assustador. Ali, onde devia estar o quadro, havia uma outra coisa. Havia uma janela.



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