27/01/2017

[Resenha] O Garoto do Cachecol Vermelho

Pensei durante um bom tempo em como eu iria escrever essa resenha sem estragar a mensagem que esse livro nos passa, e acho que estou pronto. Vamos lá. Melissa é o que toda garota sonha em ser. Rica, bonita, mimada e que consegue tudo o que quer, esforçando-se pouco para isso. Ela é bailarina, e seu sonho é entrar para Juilliard, para que ela possa tornar-se uma das maiores bailarinas – talvez a maior – do mundo, e ela faria o que fosse necessário para conseguir essa vaga, não importava o preço.
Na noite de Ano Novo, enquanto bebe com alguns amigos, Mel vê um garoto de cachecol vermelho agachado na rua, e ele parece estar fazendo algo. Ela se aproxima e descobre que ele está pintando o asfalto. Não foi a melhor das apresentações, é claro, mas meus amigos, mal ela sabia que era a partir daquele instante que sua vida mudaria para sempre.
O relacionamento de Mel com sua mãe - Regina - não é dos melhores, tanto é que a garota chama-a pelo nome; ao contrário de Mel, Dani tem um ótimo relacionamento com sua família, que é introduzida cautelosamente na história.
O período de aulas recomeça e, por ironia do destino, Mel e o garoto do cachecol vermelho – Daniel – estudam na mesma faculdade, e é nítido que ela não o suporta. Ela sente nojo dele, e não consegue conversar mais do que dez segundos sem que ambos comecem a trocar farpas. Mesmo sendo tratado assim, Daniel parece disposto a entrar na vida da garota e, pouco a pouco, ela acaba cedendo. Da forma dela, mas acontece. Eles estão se vendo cada vez mais e, estranhamente, ele sempre está usando um cachecol vermelho.
Daniel sabe onde está se metendo, e faz uma aposta com a garota. Ele está disposto a fazer dela uma pessoa melhor. Se não conseguir, ele a deixará livre para sempre. Ela aceita, mesmo com dúvidas, e sua vida vira do avesso. Daniel é... bom, ele é o sonho de qualquer garota. Loiro, alto, olhos azuis, músico, monitor, universitário, gentil, educado e, quando necessário, sabe descer a porrada em alguém.
Com toda a sutileza do mundo, sem pressa alguma, o relacionamento de Mel e Daniel se desenvolve. Eles estão cada vez mais juntos, e já não sentem ódio um pelo outro. Muito pelo contrário. O que surge é admiração, pois os dois são pessoas maravilhosas, cada um à sua maneira. Cada simples detalhe do livro conta, principalmente o motivo de Dani usar tantos cachecóis vermelhos (esse motivo é um dos melhores momentos do livro).
Mas nem tudo são flores. Dani (ou vândalo, ou até mesmo DaniDani, se você preferir) visita a ABrELA (Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica), principalmente para ver as crianças que têm essa enfermidade. Infelizmente, a ELA realmente existe e, infelizmente, ela ainda não tem cura. Ela fere a pessoa apenas por fora, de forma que a mente fique intacta. Lembra-se de Stephen Hawking? O corpo já era, mas a mente está a mil.
O Garoto do Cachecol Vermelho é daquele tipo de livro que nós nunca nos esqueceremos. Tem romance, comédia, drama e lágrimas, muitas lágrimas. Se você é do tipo que se emociona com qualquer livro, sugiro que leia esse com uma caixinha de lenços ao lado. No lançamento do livro, a autora deu de brinde algumas caixinhas de lenço. Não, jovem Padawan, não era apenas um brinde. Até mesmo a caixinha de lenço tem um significado aqui. No seu caso, leitor, é só para secar as lágrimas que você vai derrubar durante a leitura mesmo. Os personagens são apresentados aos poucos, e cada um tem sua importância para a história central.
Não pense que vai ler esse livro e não se emocionar. Se você não se emocionar, pode ter certeza que você tem um coração de pedra. Até mesmo eu, que escrevo terror e faço cabeças rolarem me emocionei com a história. Ana Beatriz Brandão é jovem, eu sei, mas escreveu esse livro como gente grande. A linguagem do livro é atual, descontraída, mas até as pessoas mais velhas vão notar a maturidade da história.
O Garoto do Cachecol Vermelho é sobre superação, felicidade e aprendizado. É sobre amar e ser amado. É sobre fazer sacrifícios por aquilo que você ama. Quando você faz algo com o coração, não há obrigação, não há cansaço, não há desculpas. Você faz por amor, porque aquilo faz com que você se sinta vivo. Não importa quanto tempo passe, você estará lá, dando o melhor de si. Pra você, aquele momento, aquele breve momento fazendo o que você ama, ou ao lado de quem você ama, aquilo é felicidade.

Nota:


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